domingo, 31 de outubro de 2010

Velha Delhi

Eis o que o programa da Max Holidays nos reserva para hoje:

"Today after relaxed breakfast at hotel, enjoy guided sightseeing tour of Old Delhi visit Red Fort  - Built in 1648 AD by  Emperor Shah Jahan, famous for its delicately royal chambers, Jama Masjid - Completed in 1658 , the mosque of Shah Jahan’s capital city is the largest in India. Later enjoy sightseeing of Moon Square - Chandni Chowk, believed to be the market place of Mughal period. Your tour also includes drive through Indian Gate (the War monument) and the Presidential Palace. Evening you are free for personal activities. Evening return back to Hotel for overnight stay at Delhi."

sábado, 30 de outubro de 2010

Nova Delhi

Está previsto chegarmos às 3h da manhã e às 10h já estarmos a pé e frescas para as primeira impressões de New Delhi. Visitaremos a torre Qutab Minar de 73 metros de altura, a Humayun's tomb , o Raj Ghat, onde foi cremado Mahatma Gandhi.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Passagem para a India!

E lá vamos nós, para a tão esperada viagem à India!

Depois de meses de ansiedade, e de uma noite mal dormida (é sempre assim antes de uma viagem) chegou a hora de torcer para que tudo corra bem e, especialmente, para que as nossas malas não se percam pelo longo caminho de Lisboa a Delhi, via Madrid e Doha.

Que Ganesha nos acompanhe!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Escrever...



"Better to write for yourself and have no public, than to write for the public and have no self"


    quarta-feira, 27 de outubro de 2010

    Este lugar não é para novos

    Munique. Cervejaria Hofbräuhaus. Noite.

    Mãe e filha hesitam à porta. Devem fugir da confusão que se adivinha lá dentro ou mergulhar de cabeça? Afinal, esta foi-lhes recomendada como a melhor bierhouse da cidade….
    Valentes descendentes da padeira de Aljubarrota, decidem entrar. O ambiente é o que se espera de um local como este: barulhento, apinhado de turistas, caótico, irresistível.
    As mesas são compridas e cada uma está com lotação esgotada. Uma é das que estão reservadas, desde o fim da guerra, para o mesmo grupo de homens (hoje já de barbas brancas), que diariamente se vestem a rigor para virem beber a cervejinha.
    Os empregados andam por ali num corrupio. Trajados como manda a tradição da Baviera (tracht), carregam bandejas cheias de canecas de cerveja ou vendem pretzel gigantes.
    E há uma banda, claro! Tocam canções folclóricas cujos acordes se misturam com as conversas e as gargalhadas e o som de vidro a bater, compondo uma sinfonia original.
    Centenas de clientes embalam as suas canecas XL ao som da música, antes de engolirem a cerveja mais depressa do que recomendaria a prudência. Balançam-se para a direita e para a esquerda, com mais ou menos vigor, dependendo do grau de bebedeira.
    Mãe e filha tentam abrir caminho no meio deste mini Oktoberfest e, num sítio mais recatado do estabelecimento lá descobrem uma mesa. Está parcialmente ocupada por três senhoras distintas que sorriem alegremente umas para as outras nos intervalos dos goles de cerveja.
    Mãe e filha ajeitam-se no canto oposto e pedem as inevitáveis salsichas e uma caneca de cerveja; daquelas em que se tem de mergulhar o nariz para se chegar ao último quarto de litro.
    Ambas tentam absorver a atmosfera e secretamente desejam que houvesse companhia mais animada deste lado da sala, para também elas baloiçarem e brindarem. O seu desejo quase se realiza quando um grupo de rapazes e raparigas jovens se aproxima e tenta sentar-se nos lugares ainda vagos da mesa. Mas são logo enxotados pelo empregado sisudo, que gesticula e aponta para um grande letreiro suspenso por cima da mesa. E só então mãe e filha reparam no que lá está escrito: “Reservado a velhotes”!!


    Texto e Foto: Rutix
    Com a graciosa colaboração de Lucilix

    segunda-feira, 25 de outubro de 2010

    Botifarronas


    - Mas isso lá são férias?! Sempre com as botifarronas calçadas!!
    É o comentário da minha tia, ao ver as fotos que tirei no Peru.
    Tenho de me rir. Gosto da maneira como o seu sotaque alentejano dá vida ao “botifarronas”…
    Quanto ao resto também tem razão. A subida ao Machu Pichu, percorrendo a pé o caminho Inca até à antiga capital do império, subindo e descendo enormes degraus seculares, acampando a 4 mil metros de altitude, sofrendo com os frios glaciares nocturnos e com o calor abrasador do dia, não correspondem à ideia tradicional de férias.
    O caminho é longo, tortuoso e serpenteia rente à montanha; poucos metros nos separam do abismo invisível.
    Em altitude, o ar rarefeito quase nos corta a respiração. Mas não tanto quanto a visão das colossais paisagens que nos rodeiam. Montanhas cobertas de vegetação verde e espessa, cascatas sorrateiras, ruínas perfeitamente construídas em locais que julgaríamos de acesso impossível.
    A tenda é fria e desconfortável, mas quando saio cá para fora e vejo uma lua enorme, ali quase ao alcance de um toque, envolvendo as ruínas incas de uma luz espectral, não a trocaria por qualquer cama de hotel. E nenhum room service do mundo me saberia tão bem ao fim de 6 horas de marcha quanto o chá quente e as pipocas acabadas de fazer que os carregadores quechua me oferecem à entrada da tenda.
    Os músculos latejam, os pés têm bolhas e os joelhos ferrugem, mas nunca me senti tão viva e tão em forma como quando, ao fim do quarto dia de marcha, pude contemplar, finalmente, o Machu Pichu.

    Foto: RCC. Peru, 2008

    sábado, 23 de outubro de 2010

    Everybody is happy in Zanzibar!!

    E chego finalmente ao último post sobre a Tanzânia. Mais uma história. Mais um momento…. O mais alto de uma viagem cheia de pontos altos. O mais difícil de descrever por ter sido o melhor, o mais espontâneo e o mais autêntico.
    Por isso, segurem-se que este vai ser longo….!


    A noite começou com o convite do dono do resort para irmos à aldeia próxima assistir aos festejos do final do Ramadão. Ainda hesitámos, divididas entre a curiosidade e a apreensão face ao que iríamos encontrar. Ole seria o nosso guia e protector.
    Partimos a pé pela estrada poeirenta e de piso irregular. Os outros maasai do resort acompanham-nos durante parte do caminho. A lua está de tal maneira luminosa que faria inveja a qualquer candeeiro e não temos dificuldade em ver onde pomos os pés. Caminhamos sem pressa. O tempo está ameno e temos 2 Km pela frente. Vamo-nos cruzando com grupos de pessoas que regressam da festa. É um espectáculo estranho, este que protagonizamos: 4 mzungus caminhando na estrada, escoltadas por guerreiros. ML pergunta-me:
    - Esta é a melhor parte da viagem, não é Rutix? Vais ter muito que escrever…!
    De facto, penso, para escrever é preciso viver….
    Os outros maasai depressa se cansam do nosso ritmo lento e, apressando o passo desaparecem na noite. Na orla da vila fazemos um desvio e entramos no recinto da feira, depois de termos pago 1,000 shellings cada uma e recebido em troca uma carimbadela na mão. Vamos caminhando lentamente por entre os jovens que dançam, namoram, fumam, conversam, bebem e olham para nós com curiosidade. Na pista de dança, Ole explica que a música que ouvimos é taraban, típica de Zanzibar. É difícil não deixar o corpo mover-se ao som deste ritmo africano com matizes asiáticas. Fazemos uma roda e ensaiamos uns passos de dança. Ás tantas, reparo na presença de alguém que se movimenta atrás de mim.
    - Tens uma sombra, troça ML.
    Pois…. 
    Luto entre a vontade de me virar e dançar como deve ser e o sinal errado que isso poderia transmitir. Mesmo assim, tento virar-me, mas a sombra acompanha o meu movimento de maneira que nunca lhe consigo ver a cara. E, assim, continuamos a dançar, sob o olhar atento do nosso guarda-costas e o sorriso matreiro das minhas companheiras.
    Terminada a música vamos até ao bar. A sombra segue-me e apresenta-se. Um nome tão impronunciável para mim como o meu o foi para ele. Num inglês alcoolizado diz “we danced together just now”. Bom, “together” não seria o termo que usaria, mas … 
    Deixamos o bar e descemos as escadas de madeira que levam à praia. O reflexo da lua na água turquesa e nas areias finas proporciona uma luminosidade leitosa e mística. Sinto-me em estado de graça!
    Muhipiti sugere que tiremos uma foto. Como não trouxemos máquina a única opção é o fotógrafo local que de uma cabana gasta criou um estúdio improvisado. Entramos e tiramos duas fotos com o nosso jovem maasai, contra cenários de uma piroseira antiquada. Bizarro, mas muito divertido!


    Voltamos à praia e sentamo-nos na areia, ao pé do mar. Os acordes da discoteca chegam até nós e há casais que dançam; o rapaz movendo-se nas costas da rapariga. Ah!... Então é assim que se dança por estas paragens!!!...
    O ambiente é mágico e descontraído e faz-me recordar as palavras de Abraham no dia da nossa chegada: “Everybody is happy in Zanzibar!
    Debatemos se ficamos mais um pouco ou se está na hora de quebrar o encantamento e regressar. Passa da meia-noite, mas a atmosfera é irresistível e não estamos ansiosas por percorrer a pé os 2 Km que nos separam do resort.
    Resignadas, abandonamos o recinto ao som das músicas de DJ Snake, jovem que Ole nos garante ser muito famoso neste cantinho do mundo. 
    Fazemo-nos à estrada. Não andamos mais de 10 metros até ouvirmos barulho de motor atrás de nós. 
    - It´s a truck. Not good for us, diz Ole.
    De facto, trata-se de uma carrinha de caixa aberta. Antes de Ole ter tempo de mandar avançar o condutor já ML pôs o pé no pneu e subiu para a caixa. Subimos todas, seguidas por um incrédulo Ole. Foi o melhor trajecto da minha vida! Tal como Elsa Martinelli em Hatari …. mas sem as quedas….! Seguramo-nos os 5 à grelha da cabine e lá seguimos com a brisa amena da noite acariciando os nossos rostos sorridentes. Olho para Ole e pergunto-me o que pensará destas 4 portuguesas loucas e já com boa idade para terem juízo…. Impagável é também a expressão no rosto dos guardas maasai quando abrem o portão do resort e nos vêem descer do camião!
    Despedimo-nos de Ole e, quando nos dirigimos para a nossa villa, o gerador estoira e a lua foi a única testemunha do nosso mergulho nocturno na piscina privada.
    Everybody is happy in Zanzibar!!!!

    sexta-feira, 22 de outubro de 2010

    O maasai tranquilo


    Se alguma vez me tivessem dito que iria conversar no chat do Facebook com um autêntico maasai, de certeza que teria rido ou, pelo menos, esboçado um sorriso incrédulo.
    E, no entanto….
    Ole Mapashihaki era o guest relations do resort onde passámos os últimos dias de férias em Zanzibar. Lembro-me de ter achado bastante pitoresco o sermos recebidas na praia por este jovem muito alto e esguio, de sorriso bonacheirão, que envergava as vestes e os adornos guerreiros de uma tribo maasai. Á medida que o fui conhecendo apercebi-me de que, apesar de ter muito orgulho nas tradições da sua tribo, Ole não tem alma de guerreiro. O seu sonho é ser ranger num dos parques da Tanzânia.
    Certa tarde, encontrou-me no pontão, onde me refugiava do sol escaldante mergulhando no vício da escrita. Tivemos, então, oportunidade de falar durante umas horas, à medida que a maré, esmeralda e cristalina, ia subindo e o sol se aproximava do ocaso.
    Pergunta-me o que escrevo e quando lhe digo que é o diário da viagem quer saber se escreveria sobre ele. Aproveito a deixa para lhe fazer imensas perguntas a que ele vai respondendo num inglês pouco articulado mas bastante compreensível. Descobri que nasceu em Arusha, que tem 5 irmãos (dois rapazes e três raparigas) e que nunca saíra da Tanzânia. Pergunto-lhe se o cabelo comprido, que ostenta quase até aos calcanhares, é natural. Abana a cabeça e diz, pesaroso, que teve de o cortar porque a isso o obrigaram as regras rigorosas do colégio que frequentou.



    Na noite anterior, Ole e os seus companheiros maasai (que zelam pela segurança do resort) tinham-nos brindado com um espectáculo de danças alegóricas. Aproveito agora para lhe perguntar o significado do que víramos. Na primeira dança, um homem matou um leão e começou a saltar para comemorar o seu domínio sobre o rei da selva. Os outros homens, ao ouvirem o relato de tais feitos, sentem inveja e tentam imitá-lo, competindo entre si pelo salto mais alto. A segunda dança representava um ritual de cortejamento. Os homens tentam atrair as mulheres fazendo rodopiar as suas longas cabeleiras como ventoinhas. Por sua vez, as mulheres tentam impressioná-los abanando os ombros e chocalhando os colares que levam ao pescoço.
    Durante o interrogatório a que o submeti naquela tarde não pude deixar de reparar que Ole se continha para não me fazer perguntas também. Mais tarde, já através do Facebook, confessou-me que só não o fez porque eu era uma hóspede. Agora que éramos amigos já podia satisfazer a curiosidade. Nos meses que se seguiram ao meu regresso de férias fomos “chateando” com frequência, ainda que com alguma gaguez provocada pelas limitações de uma internet insular, alimentada por fracos geradores. Ultimamente não o tenho encontrado no pontão virtual e gosto de imaginar que está a conduzir turistas pelos trilhos de Ngorongoro.


    Foto 1: Muhipiti. Zanzibar, 2009.