sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Big B is watching You

Para onde quer que se olhe, ele está lá.


Nos jornais, na televisão, nos autocarros.
Na fachada de antigos havelis ou pendurado em prédios decrépitos.


Charmoso e intemporal, convida-nos a comprar cimento, champô e fatos por medida.
Depois, desafia-nos a ser milionários.


Mencionar o seu nome diante de um indiano é despertar um sorriso de orgulho; um olhar de cumplicidade. 
Mostrar reconhecê-lo é a melhor aposta para obter uma informação nas ruas ou fazer um amigo.



O mais talentoso, versátil e popular actor Indiano do último século. 
Empresário. Político. Poeta. Apresentador. Figura polémica.


Amitabh Bachchan é o mais recente deus do panteão hindu.

Fotos: Muhipiti. Índia, 2010.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A luz e a sombra

Dos proverbiais contrastes da Índia, o que mais profundamente me marcou foi Agra.

A cidade é uma teia de aranha, suja, feia e gigantesca, que o oportunismo foi tecendo em redor do Taj Mahal.

O Taj Mahal é o Taj Mahal. Sublime, impressionante e belo, não defrauda as expectativas.

Encontrámos Agra embrulhada em nevoeiro e poluição, com ruas cinzentas, ladeadas de casebres pobres e tristes. Circulámos penosamente por entre um trânsito caótico e surreal de carros velhos, motas decrépitas, frágeis bicicletas e peões de olhar vazio. À noite dormimos num quarto despido e minguado, com barras na janela e um cadeado na porta.


Num pequeno hotel, a escassos 100 metros do esplendor do Taj Mahal, a angústia que vinha sentido desde o início da viagem instalou-se, implacável.
Chorei.
Senti-me pequenina e confusa face a esta Índia incompreensível.
Impotente contra tanta miséria de facto e de espírito.
Perplexa por não estar a conseguir conciliar-me com esta realidade que, no fundo, não era tão diferente da que já conhecera noutros destinos.

“Onde há muita luz, a sombra é mais forte”, não é?

Fotos: Muhipiti. Índia, 2010.
Citação: Johann Wolfgang von Goethe