“It is a city of brilliant sunshine and purple shadows; of dark entries and latticed windows; of mysterious stairways, and massive doors in grey walls which conceal one does not know what; of sun-streaked courtyards and glimpses of green gardens; of barred windows and ruined walls on which peacocks preen. It is a town of rich merchants and busy streets; of thronged market-places and clustered mansions. Over all there is the din of barter, of shouts from the harbour; the glamour of the sun, the magic of the sea and the rich savour of Eastern spice.
This is Zanzibar!”
(Major FB Pearce, 1919)
Noventa anos depois, isto ainda é Zanzibar!
Foi assim que senti Stone Town, á medida que deambulava pelas ruelas estreitas, observando as grandes portas de madeira pelas quais é tão famosa.
Os motivos decorativos entrelaçam parte da cultura suahili com influências indianas e árabes. As arcadas redondas são de origem indiana, enquanto que a ascendência árabe se reflecte nas arcadas quadradas e nas inscrições com frases do Corão. Os temas esculpidos são variados, mas não isentos de significado: as correntes que emolduram as portas evocam segurança, os lotus e as rosetas nas partes centrais representam a prosperidade e os peixes a fertilidade.
Independentemente do estilo a que pertencem, algumas apresentam uns espigões de metal salientes. Hoje têm uma função meramente decorativa, mas inicialmente o seu objectivo era o de impedir os elefantes de abalroarem as casas.
Pois, parece que sim, em tempos que já lá vão. Marco Polo relatou que viu por aqui bastantes, mas quando os pés lusitanos pisaram estas paragens, no século XVI, já os paquidermes eram lendas do passado.
De qualquer forma, foi tudo muito antes de qualquer destas portas ter sido construída. Os espigões metálicos que, na Índia, por exemplo, espicaçavam elefantes de guerra, em Zanzibar sempre tiveram a pacífica utilidade de oferecerem beleza.
Fotos: RFerreira. Zanzibar, 2009