sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os cães da Índia .... e eu.

Uma pesquisa rápida na internet e descubro que, afinal, os cães não foram assim tão abandonados pelas divindades. Não tiveram foi muita sorte no sorteio sagrado...


No Hinduísmo, o rato e o elefante estão associados a Ganesha, o deus da novas oportunidades,  o tigre  transporta a deusa Durga, a invencível, enquanto que  o pavão acompanha Saraswati, deusa da sabedoria.

Por sua vez, o cão era o mensageiro de Yama - deus da morte.

Será por isso que são tão ignorados e maltratados?

Noutro país que não a Índia, a ligação seria óbvia. Mas, aqui, onde a morte é, como diz Moravia “uma simples mudança de vestuário”...

Não estranha quem me conhece, que tenha andado por lá a fazer amizade com alguns canídeos. Descobri que são sociáveis, meigos, e naturalmente, carentes.

Claro que não serão todos assim....

Filosofias à parte, espero que haja esperança de melhores dias para a próxima geração.
"The greatness of a nation and its moral progress can be judged by the way its animals are treated”
Mohandas K. Ghandi


Fotos: Muhipiti in Goa, Varanasi e Bikaner. Índia, 2010

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Os cães da Índia...


“... [são] enormes [e] vadios, com o esqueleto bem visível sob o couro lacerado.”
Alberto Moravia, Uma Ideia da Índia, 1961


Na Índia, as vacas e os veados são sagrados. As vacas porque nelas habitam todos os deuses; os veados porque representam uma das incarnações de Buda.

Os cães vagueiam pelas ruas, alimentam-se nas lixeiras, dormem ao relento, são escorraçados à paulada.

Que aperto no coração sentia ao vê-los!  Abandonados à sua sorte; fantasmas num mundo de indiferença.
Há 330 milhões de divindidades (ou representações de um deus único) na Índia.

E nenhuma que deite um olhinho aos cães?!....

Fotos: Muhipiti. Índia, 2010

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Para desanuviar...

Estou com a sensação que este blog está a tombar para o deprimente...
Prosigamos com uma anedota....
Vai no inglês original, pois não me apetece traduzir...
Qutab Minar, Nova Delhi

A foreign tourist hired a guide to take him around Delhi and Agra. At the Red Fort at Delhi, he admired the architecture and asked how many years it took to build.
Twenty years,? replied the guide.
"You Indians are a lazy lot", the tourist said. "In my country, this could have been built in five."
At Agra he admired the Taj's beauty and asked how many years it took to build.
"Only ten years" said the guide.
The tourist retorted: "You Indians are slow! We can construct such buildings in two-and-a-half.? In this fashion the tourist claimed that every building he admired could have been built in his country in quarter the time.
Finally, when they reached the Qutab Minar, and the tourist asked what it was, the guide replied: 
"I don't know. It wasn't there yesterday evening."

Foto: Muhipiti. Índia, 2010.


Uma Ideia da Índia


Com que então, estiveste na Índia. Divertiste-te?
Não.
Aborreceste-te?
Também não.
O que te aconteceu na Índia?
Fiz uma experiência.
Que experiência?
A experiência da Índia.
E em que consiste a experiência da Índia?
Consiste em fazer a experiência do que é a Índia.
E o que é a Índia?
Como hei-de dizer-te? A Índia é a Índia.
Alberto Moravia,”Uma ideia da Índia”, 1961



Li estas linhas dois dias depois de chegar de viagem. Confesso que me deram algum consolo. Foram um bálsamo para o meu desconforto.



Pela primeira vez, a resposta ao tradicional “Então, gostaste?” não foi imediata e, ainda hoje, começa com um suspiro confuso.
Mais do que uma viagem ou uma “visita de estudo” (como um amigo se refere às minhas férias), foi uma experiência.
Moravia passou lá 3 meses, eu apenas 3 semanas. As experiências que vivemos foram diferentes. No entanto, reconheci no seu relato, escrito há 50 anos, partes da Índia que vi e senti.
Iremos ouvir falar mais de Alberto Moravia por aqui….

Foto: Muhipiti.Varanasi. India, 2010.