Dos proverbiais contrastes da Índia, o que mais profundamente me marcou foi Agra.
A cidade é uma teia de aranha, suja, feia e gigantesca, que o oportunismo foi tecendo em redor do Taj Mahal.
O Taj Mahal é o Taj Mahal. Sublime, impressionante e belo, não defrauda as expectativas.
Encontrámos Agra embrulhada em nevoeiro e poluição, com ruas cinzentas, ladeadas de casebres pobres e tristes. Circulámos penosamente por entre um trânsito caótico e surreal de carros velhos, motas decrépitas, frágeis bicicletas e peões de olhar vazio. À noite dormimos num quarto despido e minguado, com barras na janela e um cadeado na porta.
Num pequeno hotel, a escassos 100 metros do esplendor do Taj Mahal, a angústia que vinha sentido desde o início da viagem instalou-se, implacável.
Chorei.
Senti-me pequenina e confusa face a esta Índia incompreensível.
Impotente contra tanta miséria de facto e de espírito.
Perplexa por não estar a conseguir conciliar-me com esta realidade que, no fundo, não era tão diferente da que já conhecera noutros destinos.
“Onde há muita luz, a sombra é mais forte”, não é?
Fotos: Muhipiti. Índia, 2010.
Citação: Johann Wolfgang von Goethe
Li algures que não se deve tentar compreender a India, deve-se apenas tentar aceitar...
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminarNão tentes compreender a India, tal como outro país qualquer. Olha, assimila e segue adiante.
Por muito que uma pessoa seja viajada e conheça muitas realidades dramáticas, há sempre um momento em que nos sentimos fragilizados, angustiados pela nossa impotência contra tanta miséria. Aconteceu-me também no Gana.
Tenta apenas guardar o que é positivo, e existem muitas coisas positivas também aí, como em qualquer outra parte do mundo, e que já aqui foram retratadas, por ti.
Beijinho