quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Este lugar não é para novos

Munique. Cervejaria Hofbräuhaus. Noite.

Mãe e filha hesitam à porta. Devem fugir da confusão que se adivinha lá dentro ou mergulhar de cabeça? Afinal, esta foi-lhes recomendada como a melhor bierhouse da cidade….
Valentes descendentes da padeira de Aljubarrota, decidem entrar. O ambiente é o que se espera de um local como este: barulhento, apinhado de turistas, caótico, irresistível.
As mesas são compridas e cada uma está com lotação esgotada. Uma é das que estão reservadas, desde o fim da guerra, para o mesmo grupo de homens (hoje já de barbas brancas), que diariamente se vestem a rigor para virem beber a cervejinha.
Os empregados andam por ali num corrupio. Trajados como manda a tradição da Baviera (tracht), carregam bandejas cheias de canecas de cerveja ou vendem pretzel gigantes.
E há uma banda, claro! Tocam canções folclóricas cujos acordes se misturam com as conversas e as gargalhadas e o som de vidro a bater, compondo uma sinfonia original.
Centenas de clientes embalam as suas canecas XL ao som da música, antes de engolirem a cerveja mais depressa do que recomendaria a prudência. Balançam-se para a direita e para a esquerda, com mais ou menos vigor, dependendo do grau de bebedeira.
Mãe e filha tentam abrir caminho no meio deste mini Oktoberfest e, num sítio mais recatado do estabelecimento lá descobrem uma mesa. Está parcialmente ocupada por três senhoras distintas que sorriem alegremente umas para as outras nos intervalos dos goles de cerveja.
Mãe e filha ajeitam-se no canto oposto e pedem as inevitáveis salsichas e uma caneca de cerveja; daquelas em que se tem de mergulhar o nariz para se chegar ao último quarto de litro.
Ambas tentam absorver a atmosfera e secretamente desejam que houvesse companhia mais animada deste lado da sala, para também elas baloiçarem e brindarem. O seu desejo quase se realiza quando um grupo de rapazes e raparigas jovens se aproxima e tenta sentar-se nos lugares ainda vagos da mesa. Mas são logo enxotados pelo empregado sisudo, que gesticula e aponta para um grande letreiro suspenso por cima da mesa. E só então mãe e filha reparam no que lá está escrito: “Reservado a velhotes”!!


Texto e Foto: Rutix
Com a graciosa colaboração de Lucilix

3 comentários:

  1. Eh, eh, eh ... os senhores devem ter-vos dado a desculpa por não terem cara de "locais" :)

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  2. Que grandes atrevidas e não coraram.Cá por mim em vez de uma bebia duas,três quatro até cair.

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