18 de Outubro de 2007 – Aeroporto de Gonggar, Tibete (I)
Visto do céu, o aeroporto de Gonggar, parece um oásis de civilização no meio de um deserto agreste. Noutra ocasião, talvez a paisagem nos impressionasse, mas acabámos de sobrevoar os Himalaias, vindas de Kathmandu, e a sensação de quase tocar o Everest não será, tão depressa, esquecida. É com emoção que aterramos no Tibete. A viagem; tantas vezes adiada e enfim cumprida!
O interior do aeroporto é branco e frio. “O algodão não engana!”, gracejamos e rimos com gosto, apesar do esforço que é respirar a esta altitude.
Já com as malas, dirigimo-nos ao controlo de passaportes.
Os funcionários têm rostos duros e imperturbáveis. As suas luvas são de um branco imaculado e os seus uniformes militares parecem, como escreveu Michael Palin, “ter sido desenhados especificamente para ficarem grandes de mais." Olham-nos com desprezo e desconfiança e começamos a perceber que entrámos na China.
A Mara e a Paula Lee avisam-nos para não as perdermos, nunca, de vista. Já sabem, de viagens anteriores, que a sua ascendência oriental não é bem vista na China. Colocamo-nos em fila, as duas irmãs no meio do grupo. De facto, mais uma vez se confirmam os seus receios. Enquanto que os nossos passaportes não merecem mais do que a vistoria normal, os delas são levados e inspeccionados longe da nossa vista.
“Can you stamp the passport, please?”, pedimos, ao constatar que o funcionário não fazia tenção de oficializar a nossa presença ali. “Next”, é a resposta seca que obtemos.
Perdemos o primeiro confronto com o autoritarismo chinês.
E ainda nem saímos do aeroporto!
Foto: RCurto
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